Enquanto o lançamento de Noiva entre Túmulos na Amazon ainda não chega, você pode matar um pouco da curiosidade lendo o prólogo do livro! Boa leitura! E, ah, não se esqueça de deixar um comentário.
Prólogo
A garota correu. Sua face pálida agora estava vermelha e seu vestido serpenteava pelas pernas. Mesmo sabendo quem a estava perseguindo, continuou correndo. Sabia que jamais ganharia a corrida e, mais cedo ou mais tarde, seria capturada.
A visão aguçada pelo medo a ajudou a desviar dos obstáculos que surgiam: cruzes, estátuas, caixões, lápides; tudo aquilo que causava compaixão — e medo — aos meros mortais. Aquela selva de concreto e granito não era nada senão o seu lugar. Não havia espaço para lágrimas, apenas para a morte — isso ela aprendera cedo demais.
Continuou a correr, mas seus pés latejavam e seus seios, ainda em crescimento, estavam doloridos do movimento. Olhou por trás do ombro. Ofegante e com os músculos doloridos, parou para tomar fôlego. Fechou os olhos. Por favor, não me encontre. Sabia que seria encontrada, como fora em todas as outras vezes, e como seria em todas as vezes que viriam a seguir.
Se a vida fosse um jogo, ela estaria destinada a perder. Estava cansada de tentar, em vão, proteger-se de tudo aquilo. A solidão a assustava. Não, lápides e figuras de santos com feições sinistras não eram fonte de medo. Não eram os mortos que ela temia. Os mortos não podiam perseguir e tocar a carne viva. Os mortos repousavam palidamente em suas camas de flores, enrolados em tecidos de seda que se tornarão puídos, como tudo haverá de se tornar.
Sua respiração desacelerou e ela relaxou os dedos que formavam um punho quase ameaçador.
Passos pesados.
Seu instinto foi se encolher ainda mais, mas seria inútil. Ele sempre a achava, sempre. Ela segurou a respiração, imaginando que, se ficasse tão imóvel quanto um cadáver, estaria a salvo. Então, quando uma mão pousou sobre o seu ombro, a garota não gritou. Seu destino já havia se tornado rotina. A paz, tão presente nas escrituras divinas, jamais seria alcançada por uma garota como ela. Sentiu o leve cheiro de decomposição. Estava em casa.
Não é possível se esconder da morte. Mãos grossas e pesadas subiram pelo seu ombro e abraçaram o seu delicado pescoço. Ela fechou os olhos, ávida para que, desta vez, ele finalizasse o trabalho. E depois de toda correria e das tristes conclusões sobre a fina mortalha que separava a vida e a morte, seu único e último desejo foi que, um dia, as pessoas pudessem temer, correr e se esconder.
Dela.
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